06 de Julho de 2020

Turismo

Setor de turismo inicia a flexibilização das atividades em MG

Pesquisa revela que o retorno às viagens no país deve começar de carro, com distâncias máximas de até 300 km
Cristiano Quintão Uaibox
Bicame de Pedra Catas AltasMG
Cristiano Quintão Uaibox
Bicame de Pedra Catas AltasMG
O mundo parece pequeno dentro de casa, principalmente quando se há em Minas muitos lugares a serem conhecidos. Em mais de 100 dias de isolamento social, centenas de roteiros permaneceram fechados ao público, à espera de decretos municipais que pudessem flexibilizar a reabertura da atividade turística. Mas esse reencontro do turista com as belezas mineiras já acontece, com restrições, em algumas cidades do Estado, como Capitólio, na Região Sul de Minas, e Santana do Riacho, um dos municípios que abriga a Serra do Cipó, na Região Central.

Os passeios comerciais náuticos – permitidos desde 19 de junho, no Lago de Furnas – em Capitólio só acontecem mediante o cumprimento de uma série de protocolos sanitários definidos pelas autoridades de saúde. Já na Serra do Cipó, além de ações educativas e da adoção de medidas preventivas, nenhuma hospedagem pode receber mais do que 50% de sua capacidade. No entanto, os atrativos, os serviços turísticos e os restaurantes permanecem fechados. Diante dessa nova realidade, provocada pela pandemia de Covid-19, a reabertura das atividades turísticas começa impondo transformações ao meio empresarial.

A adoção da palavra ‘cautela’ se tornou uma rotina no setor. A razão é simples: essa postura continua sendo decisiva diante do processo de flexibilização das atividades turísticas. Segundo a analista de turismo da Fecomércio MG, Milena Soares, por se tratar de um momento é atípico, o período requer ainda mais cuidado e diálogo entre empresários e o poder municipal. “Somente juntos será possível equilibrar as necessidades econômicas do setor de turismo, os interesses de cada cidade e as orientações de prevenção e combate ao coronavírus”, detalha.

A atitude dos empresários do setor de turismo tem fundamento comportamental. Preocupados com o risco de contágio, os futuros viajantes tendem a mudar de perfil, preferindo locais mais seguros. “O consumidor, certamente, optará por destinos e serviços que sigam todas as diretrizes sanitárias. Por isso, é essencial que os estabelecimentos se adaptem à nova realidade e se preparem para atender esse turista com excelência, que inclui a disponibilização de álcool em gel, o uso de máscaras e o distanciamento entre os frequentadores”, pontua Milena.

Além disso, a especialista destaca a importância de uma comunicação transparente e fluída entre o empresário e os clientes. “É importante que o estabelecimento informe ao consumidor todas as medidas de prevenção que estão sendo adotadas e, também, o funcionamento dos atrativos turísticos locais e outros serviços na região. Assim, o turista poderá decidir qual será o melhor momento para voltar a viajar e conseguir explorar ainda mais os destinos,” explica a analista de turismo.

Uma pesquisa divulgada em maio pelo site de busca de passagens aéreas Viajala mostrou que o retorno às viagens no país deve começar de carro, com distâncias máximas de até 300 quilômetros. A tendência também foi apontada pelo Ministério do Turismo (MTur), que aposta no crescimento do turismo doméstico, devido aos padrões ainda mais rigorosos no fluxo de pessoas para as viagens internacionais.

O cenário projeta oportunidades para que uma parcela do setor reinvente seus negócios e atraia visitantes de grandes centros urbanos próximos a cidades turísticas. “Quem apostar em serviços diferenciados sairá na frente na retomada das atividades turísticas. Não por acaso, a Fecomércio MG oferece um canal de atendimento exclusivo para os empresários do setor, por meio de uma consultoria de diagnóstico gratuita e personalizada. A equipe de Negócios Turísticos está pronta para orientar o empresário para o ‘novo normal’”, ressalta Milena.

Impactos da pandemia

O planejamento para a oferta de atividades turísticas pós-pandemia é essencial para a recuperação do setor, um dos mais afetados para crise do coronavírus até o momento. Uma estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta uma redução no faturamento de R$ 90 bilhões em decorrência do Covid-19. Em Minas Gerais, o setor de turismo soma perdas na ordem de R$ 7,09 bilhões, desde o início da pandemia.

O economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, explica que as atividades turísticas, tradicionalmente, necessitam da circulação de pessoas para fazer a economia girar. “São centenas de serviços interligados, como transporte, hotéis e restaurantes, que estão paralisados ou tiveram uma redução na oferta de serviços. Com isso, os impactos econômicos mensurados sofreram um crescimento exponencial mês a mês”, analisa.

Com a retomada gradual das atividades do setor, uma parcela de turistas estará à procura por viagens e serviços turísticos, devido ao fim do isolamento social e às promoções que deverão surgir para compensar as perdas do setor. “Apesar do cenário desafiador, o momento exige dos empresários do turismo um esforço de adaptação e planejamento para que possam retomar as atividades com segurança, aproveitar as oportunidades e restabelecer seus negócios”, finaliza.


Fonte: Fecomércio MG